quarta-feira, 8 de junho de 2011

Carta a um adolescente


Por Rubem Alves



Você pediu que eu escrevesse sobre a maldade. Foi a primeira vez que uma pessoa me pediu isso. Você foi corajoso porque falar sobre a maldade é falar sobre nós mesmos. A maldade é algo que mora dentro de nós, à espera do momento certo para se apossar do nosso corpo. Ao pedir que eu falasse sobre a maldade você me pediu que o ajudasse a entender o lado escuro de você mesmo.

Para a gente entender a maldade é preciso entender, antes, os dois poderes de que somos feitos. Somos feitos de uma mistura de amor e poder. Amor é um sentimento que nos liga a determinadas coisas, e vai desde o simples gostar até o estar apaixonado. O amor quer abraçar, ficar perto, proteger. Amo meu cachorrinho: quero brincar com ele, tenho saudade dele. Se ele morrer eu vou chorar. Gosto da minha casa. Dói muito – dá raiva – se alguém picha de preto o muro que tinha justo sido pintado de branco. Gosto muito de uma pessoa: pode ser o pai, a mãe, o avô, a namorada. Por causa desse sentimento fico triste vendo que aquela pessoa está triste. O amor faz isso: coloca o outro dentro da gente. O que o outro sente, a gente sente também. Um amigo meu, pedreiro, senhor João, a primeira coisa que fazia quando me visitava em minha casa era salvar, com um peneira, as abelhas que estavam morrendo afogadas na piscina. Ele sofria com as abelhas.

Por isso, muitas pessoas são vegetarianas. Elas não suportam pensar na dor por que passam os bichos para que nós nos lambuzemos com a carne deles. Uma pessoa muito querida, que não é vegetariana, não consegue comer frango ao molho pardo. O molho pardo desse frango se faz com sangue – e ela se lembra de haver visto frangos de pescoço cortado, pendurados num gancho, agonizantes, seu sangue vagarosamente pingando num prato. Agora, sempre que ela vê frango ao molho pardo, ela se lembra do sofrimento daquela ave inocente. Os bichos também sofrem.

O amor nos liga à natureza toda. Eu amo a natureza – os riachos de água limpa, as cachoeiras frias, as matas com suas samambaias, avencas, orquídeas, bananeiras, as borboletas, cigarras, pássaros. Nós humanos, temos olhos deformados – não percebemos a beleza dos seres que são diferentes da gente. Mas todos eles, inclusive os besouros (que alguns chamam de “bisorros”), as rãs, os lagartos, as marias-fedidas, as taturanas, os urubus – todos eles querem viver, sofrem, fazem parte desse nosso mundo e são necessários à sua existência. Todos eles são nossos irmãos – porque todos nós teremos o mesmo fim. Um dia nós voltaremos à terra e, quem sabe, renasceremos como besouro ou galinha…

Aquilo que eu amo eu quero proteger. Proteger o cachorrinho, o muro de casa, a natureza… Às vezes, a gente quer algo anterior ao proteger: a gente crer criar. Você ainda não é pai. Não tem, portanto nenhum filho para proteger. Chegará um dia, entretanto, em que você desejará ter um filho que você ainda não tem. Para isso é preciso que você tenha os poderes de homem – para semear no ventre de uma mulher a semente do filho que você ama, mas ainda não tem. Você deseja ser (ainda não é) administrador de empresa, cozinheiro, médico ou flautista: você ama essas coisas; mas ainda não é. O amor sozinho, não faz milagres. Para ser qualquer dessas coisas você terá que, devargazinho, ir desenvolvendo poderes no seu corpo, poderes que tornarão a forma ou de conhecimentos ou de habilidades.

Quando você tem essas duas coisas juntas o amor e o poder, coisas muito bonitas acontecem. O poder torna possível a existência daquilo que a gente ama: gero um filho, planto um jardim, construo uma casa.

O poder, assim está a serviço da alegria. Pelo poder eu posso contribuir para que o mundo seja melhor. O poder e o amor juntos, estão a serviço da preservação da vida.

Acontece, entretanto que a vida anda devagar. Leva tempo para uma criança ser gerada. Leva tempo para uma árvore crescer. Por vezes, ao plantar uma árvore, a gente sabe que nunca se assentará à sua sombra.

Já a morte anda rápido. Mata-se numa fração de segundo. Basta puxar um gatilho. Ou pisar o bicho. Ou quebrar o ovo. Corta-se uma árvore que levou cem anos para crescer em poucos minutos: se for uma bananeira, basta um golpe de facão.

Você me perguntou sobre a maldade: a maldade é isso – quando as pessoas sentem prazer no ato de destruir, isto é quando as pessoas sentem prazer no exercício puro do poder, sem que esse poder tenha um objetivo de vida. Bondade é o poder usado para a vida. Maldade é o poder usado para a morte.

A adolescência é o momento da vida quando se descobrem as delícias do poder. Criança tem amor mas não tem poder. Ela quer sorvete mas não tem o dinheiro. A mãe segura, põe de castigo, dá palmada. A criança é impotente. Na adolescência o corpo se desenvolve. Fica maior que o corpo da mãe, o corpo do pai. Ganha força. Juntos, então os adolescentes se constituem num exército poderoso. É por isso que os adolescentes gostam de estar juntos: isso lhes dá um sentimento de poder. Há coisas que nunca fariam sozinhos. Mas, em grupo, tudo é permitido. As pessoas mais mansas podem se tornar monstruosas em grupo. No grupo a gente perde o senso da responsabilidade moral.

Como eu já disse, o poder, como fim em sim mesmo, sem um propósito de amor, dá prazer rápido. Quebrar, pichar, arrancar, bater, cortar esmagar, derrubar – todas essas são formas do poder-prazer a serviço da morte. É uma coisa demoníaca.

Por isso, meu amigo, adolescente, quero confessar uma coisa que nunca confessei: “Tenho medo de vocês”. O fascínio que vocês têm pelo poder me assusta. É isso que é maldade: poder sem amor.

Eu queria poder dar para vocês, como herança, o ovo onde moram os meus sonhos, na esperança de que vocês continuassem a chocá-lo, depois da minha partida. Sim, o mundo que eu amo se parece com um ovo: está cheio de vida mas é muito frágil. Dentro dele estão coisas delicadas, fáceis de serem destruídas: plantas, insetos, ninhos, aves, músicas, poemas, memórias, livros, peixes, muros brancos, crianças, velhos, jardins…

Mas eu tenho medo que vocês não resistam à tentação de quebrar o ovo onde eu e o meu mundo moramos. Como é fácil quebrar um ovo! Fácil e irreversível: nunca mais! Assim, por enquanto, o ovo onde moram meus sonhos fica sob a minha guarda. Até encontra os herdeiros que eu espero.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Entreolhares


Ela sentia-se realizada. Ele a convidara para dar um passeio na praia. Pegaram o carro, viajaram por meia hora, entre risos, silêncios, e uma ótima música. Agora, andando pela areia ela perguntava-se se estava vivendo um sonho ou se era realidade. Ele brincava, ria, a abraçava. Todo o tempo estava sendo amabilíssimo. Será que agora, finalmente, ele mudara?

Esse sentimento se tornou ainda maior quando, enfim, as brincadeiras cessaram e ele disse:

- Ontem minha mãe veio me dar conselhos, disse que está ta hora de tomar um rumo e sossegar.

O coração dela disparou.

- Viu só? Talvez seja um sinal. Mãe sempre tem razão – Seu coração não mais cabia em seu peito, onde será que ele estava tentando chegar? Cogitava que chegaria a beira da loucura se não soubesse de uma vez o final dessa conversa. Será que finalmente ele iria pedi-la em namoro?

- Ela disse que eu não valorizo ninguém. Que iludo todas as meninas. Faço-as gostarem de mim, e depois vou embora.

- Continuo achando que mãe tem sempre razão. Você não pode dizer que é mentira. Quem pretende ter você ao lado, tem que ser muito forte, tem que entender que você é assim. – Talvez ele não a entendesse muito bem, mas ela sempre esteve lá, pronta para perdoar tudo, pronta para ampará-lo, e nunca cobrou, ou pediu nada a ele.

- Sabe, tem uma menina que estudou comigo, que eu poderia namorar.

Suas esperanças caíram por terra, onde ele estava querendo chegar afinal? Primeiro como o passeio, depois com as brincadeiras, e agora com isto? Talvez sua intenção fosse confundi-la, magoá-la.

Ele continuou:

- Para mim, ela era a garota mais linda do colégio. Mas eu não sei se eu quero me privar , ficar preso à alguém. E as minhas fãs como iriam ficar?

Tal comentário a tirou do sério. Havia uma erupção de sentimentos dentro dela, que lutavam para transparecer. Mas ela foi forte, mais forte do que nunca havia sido antes. Resumiu a sua ira à uma sutil ironia e a risos falseados:

- Desculpe, já ia esquecendo-me de como você é irresistível.

Os dois riram e se entreolharam.

- Quando digo fãs, falo brincando. Mas quando me refiro a possibilidade de um namoro, talvez aconteça mais cedo do que possamos imaginar.

O coração da garota, antes apaixonada e esperançosa, estava aos cacos pela areia, e ela nem mesmo tinha força para juntá-los. Mesmo assim, ficou ali, ereta e sorridente, como se houvesse completa normalidade na situação.

- Nossa! Se tem uma coisa que eu sou capaz de pagar para ver, é você namorando. Parece-me tão irreal essa cena. Alguma coisa, em meio a tantas, parece não combinar. – Ela se referia a outra, a nova protagonista da história dele, aquele lugar, por deveria ser dela.

- Conversei com ela ontem, ela me disse que eu a deixei de lado, talvez ela tenha razão. Nós estávamos saindo todos os finais de semana, mas eu fiz como a todas as outras. Insisti, perguntei se teria chances de um relacionamento sério, ela me disse que não sabia.

- Você tem chances. – E isso soou para ela, mais como um lamento, do que como uma constatação.

Ela parou por um instante, e começou a sentir-se mal por ser talvez tão egoísta, ou por não tem conseguido desviar os rumos dessa conversa, que no mais tardar, tornar-se-ia inevitável.

- Eu sei que tenho chances.

- Como sempre o ego fala mais alto.

- E além de tudo, ela é linda, nós nos damos bem. E eu não quero magoá-la, ela é uma pessoa incrível. Não consigo me ver com a mesma pessoa pra sempre, mas com ela me vejo por um tempo sabe? Mas eu realmente, preciso tomar uma decisão.

- Você está apaixonado. – Ela estava totalmente desconsertada. Não conseguia mais pensar e imaginar ela própria em meio a essa história. Colocou-se no dolorido papel de amiga, e resolveu ficar ali, aguentar firme e brincar de moça desentendida.

Ele ignorou o comentário dela. Nessa altura, ele também parecia um pouc

o incomodado e com um certo medo das consequências de suas palavras.

- Mas fico pensando em uma menina que eu quero muito bem, e que vai ficar triste com isso tudo.

- Isso depende muito. Depende de quem você se refere especificamente. – Ela sabia muito bem que a tal “menina” era ela, e de certa forma não gostou de ser tratada como terceira pessoa, terceira pessoa do triângulo que ela recentemente conhecera.

- Por quê?

- Talvez ‘triste’ não é a palavra certa. Depende de cada um.

- Ah, é uma menina que eu fico. Não preciso dizer quem é.

- E por que não?

- Porque não.

Agora ela estava profundamente irritada, não sabia mais o que pensar, como agir. Estava sentindo-se uma pessoa qualquer, sem valor, sem sentimentos, e sobretudo sem nenhuma importância.

- Me leva para casa?

Durante toda a viajem houve silêncio absoluto entre os dois, o único som, era o da estrada, do rádio ligado, e do vento no rosto dela, secando as lágrimas que caiam sem que ele as percebesse.

Quando pararam em frente ao portão dela, foi ele quem o quebrou:

- Acho que vou terminar mesmo com a menina que eu costumo ficar.

- Ah é?! Por quê? – Num tom despreocupado, e tranquilo.

- Acho que vou me entregar de corpo inteiro na história que eu te contei.

- Você acha demais. Boa sorte. – Bateu a porta do carro, e entrou em casa.

Não se falaram durante semanas. Não se viram durante semanas. Ela chorou durante semanas. E então chegou um e-mail para ela que dizia:

“Me desculpa. Fui um idiota. Você sempre esteve lá, e talvez por isso, nunca tive tempo de sentir sua falta. Mas você é realmente importante para mim. Me perdoa, eu te amo.”

Ela apagou o e-mail sem hesitar. Finalmente enxugou suas lágrimas e decidiu que nunca mais ninguém, ninguém iria lhe magoar.

(Tuany Baron)

terça-feira, 10 de maio de 2011

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Courtesy


Voltando ao que eu dizia, o mundo precisa de mais gentileza. Pare para observar as pessoas em seus carros durante a manhã: é raro vermos um sorriso, é raro alguém dar a vez no trânsito. A maioria delas de cara fechada, emburrada, e ao ecoarem suas buzinas com a maior prepotência possível, é como se dissessem: “eu sou mais importante e estou com mais pressa que você, quando eu comprar essas ruas só pra mim, vocês vão ver”.

É incrível a capacidade de certas pessoas, de não responderem o bom dia de alguém num elevador, de chegarem ao seus escritórios mal-humorados, e começarem os seus dias pessimamente, e ainda por cima, por vontade própria. Até mesmo caminhando no parque durante a manhã, são incapazes de compreender a beleza a sua volta, e praticar o exercício diário com o maior ar de obrigação. O mundo está tão carente de cortesia, que chegamos a estranhar quando recebemos. Quem nunca ficou com medo quando um estranho lhe ofereceu ajuda na rua, mesmo por bondade, que atire a primeira pedra.

A falta de amor não faz apenas mal ao carente, e sim a todos que estão ao redor. Ser exigente, é diferente de ser mal-educado, ser forte é diferente de ser ríspido, e ser poderoso é diferente de ser egocêntrico. Conhecemos o real valor das pessoas, vendo como ela trata ao seus subordinados. E muitas vezes, lamentamos por elas. Vários acham graça ao ver um chefe dizer absurdos aos seus funcionários, um senhor de mais idade sendo tratado como ignorante, ou uma pessoa chamado a outra de incompetente, e contestando sua capacidade, mas as pessoas de verdade, as pessoas de coração, sentem-se mal ao presenciar cenas como essas.

Muitas vezes, ouvi pessoas dizendo “minha educação depende da do outro”, e acredito que esse seja o maior mal da humanidade. Esperar a iniciativa do outro, não lhe torna melhor, o que lhe torna melhor é respeitar, mesmo quando desrespeitado. E estes, os que conseguem fazer isso, estes sim, são os bons. “Quem planta cortesia, colhe cortesia”.

sábado, 30 de abril de 2011

Saudade não tem tradução

E de repente, eu fui obrigada a crescer. Foram quase dezessete anos na mesma cidade, mais de dez morando com a minha avó, por vezes vendo as mesmas pessoas todos os dias, e dentro do mesmo circulo social, afinal numa cidade pequena todos se conhecem, e conhecemos a todos. Até os caminhos para mim, pareciam comuns, tediosos e por vezes, reclamei de morar ali, não tinha aonde ir, não tinha o que fazer, aos domingos restava apenas a televisão ligada, e as pessoas, ah, as pessoas sempre sabiam de tudo.

Reclamar de tudo isso sempre me fez querer mudar, mas não esperava uma mudança tão radical. Mudar para uma cidade praticamente vizinha não me parecia tão mal, e realmente não é. Mas é complicado. Sinto falta de ir ao mercadinho a pé, passar a tarde no colégio jogando conversa fora, sair e encontrar toda a galera em um lugar comum. Sinto falta mais ainda da vó. Mesmo reclamona e durona, sempre com a comidinha gostosinha e quentinha pronta na volta do colégio, ou desesperada por causa da bagunça no meu escritório (que ela não gostava de arrumar, por medo de jogar alguma coisa fora). E a minha mãe? Sempre atrasada passando lá em casa pra me dar carona para levar meu irmão pra escola.

Minhas preocupações realmente me pareciam sérias, como a prova do dia seguinte. E até acredito que para o período em que estava, realmente era. Mas se não fosse tão bem na tal prova, tinha a recuperação, um trabalhinho no fim do bimestre e ponto, e mesmo assim eu me desesperava se fosse mal. Sinto falta do movimento estudantil, como era bom o friozinho na barriga das incertezas e de muitas vezes das lutas. Lembro do dia que eu deixei-o, e até me emociono quando vem a imagem de pessoas normais, que as vezes eu nem lembrava, ou sei lá, vindo me abraçar e agradecer pelo trabalho que eu tinha feito, pessoas importantes, como o vice-prefeito, e o secretário de administração, me citando como exemplo em discursos para os jovens. E me orgulho de quando os próprios estudantes pediram minha candidatura no final do ano, oferecendo apoio, foi muito bonito.

Mas como eu disse, eu tive que crescer, e principalmente mudar. Da cidade pequena, para a metrópole, que tanto estava acostumada a visitar, mas morar é realmente diferente. Parei de dar aula particular, para perguntar qual curso o cara vai prestar, antes de ao menos tirar uma dúvida. Não que eu seja hipócrita, mas esse ano, é o que “melhor se adaptar ao meio, sobreviverá”, estou tendo que me superar antes de qualquer coisa. Relações afetivas também ganharam um ponto final, não que fosse um relacionamento sério, mas era bom.

Passei da fase teen, e virei adulta. Quer dizer, eu acho que é isso que é ser adulto. Ter que contar somente com você mesmo para alcançar o que você quer, e não poder reclamar disso. Afinal, é a lei da vida. Acho que desde a sétima série quis estar no terceiro ano do ensino médio, hoje queria voltar pra sétima série, e começo a me aproximar da minha mãe quando ela diz: “que saudades do cursinho”. São fases que tem que ser superadas, muito bem administradas, e vencidas, não pelos medos, mas pela confiança. E é esse o trabalho principal que tenho feito agora. Creio eu, que o maior de todos os obstáculos não é a carga horária abarrotada, ou a dedicação total as apostilas, mas sim acreditar que eu sou capaz, que eu vou conseguir, apesar de muitas coisas te falarem que não, que o objetivo é muito difícil. Mas se for fácil, o sabor no final não vai ser tão bom, e nunca ninguém me disse que seria, eu só não conseguia associar a proporção a realidade. O autocontrole e o autoconhecimento, estão sendo meus exercícios diários, que superam o estudo, da química, da física ou da matemática. São muito mais complexos e difíceis de aprender.


"A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se. Invente seu próprio jogo. Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade."

(Mário Quintana)

domingo, 10 de abril de 2011

Com absoluta sinceridade, tento ser otimista a respeito de todo esse assunto, embora a maioria das pessoas sinta-se impedida de acreditar em mim, sejam quais forem meus protestos. Por favor, confie em mim. Decididamente, eu sei ser animada, sei ser amável. Agradável. Afável. E esses são apenas os As. Só não me peça para ser simpática. Simpatia não tem nada a ver comigo.

- Reação ao fato supracitado -

Isso preocupa você? Insisto - não tenha medo. Sou tudo, menos injusta.

(A Menina que Roubava Livros - Markus zusak)

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Worry


Chega um momento em nossas vidas em que temos que escolher qual caminho tomar, que curso prestar, que instituição cursar. Depois de tantos anos cômodos escolares, nos vemos fronte a uma bifurcação de estradas, uma encruzilhada.
Em uma orientação profissional, um professor me disse: “não vou te dizer o que você vai fazer, quem vai me contar isso é você!”, saí de lá e fiquei pensando nisto. Anos e anos a fio, me disseram o que fazer: a matéria da prova bimestral, os lugares a se freqüentar, as comidas que eu não iria gostar, o que vestir. E há a maior normalidade nisto. Nossos pais nos protegem durante 17 anos e nós mal percebemos, praticamente fica na nossa pele essa dependência.
Aí chega o dia. O dia em que as portas da tão esperada liberdade se abrem e você, defronte à novidade sente medo, medo. Sentimento que acredito eu, todos sentiram nessa fase. A responsabilidade despejada de uma só vez em nós, nos faz ter medo, medo do fracasso.
É como se nos dissessem: Agora vai, cria suas asas e voa. Mas como sair do ninho? Nossos pais, muitos deles bem-sucedidos em suas carreiras profissionais, no fazem aspirar ao mesmo. E se não conseguirmos? Se agora, não tivermos a maturidade suficiente (que sempre achamos que tínhamos em tantos momentos) para escolher como passaremos todos os dias de nossa vida.
Minhas opções sempre foram muito parecidas umas com as outras. Aos cinco anos, queria ser veterinária, hoje, tenho medo de animais em geral. Aos oito, passou-me pela cabeça a idéia de biologia marinha, hoje, não me vejo no ramo. Aos onze, diante da facilidade com a matemática, julgava que engenharia se resumisse a equações do primeiro grau. Chegando ao quatorze, jornalismo, a facilidade com a fala me fez cogitar essa possibilidade. Hoje Direito a que mais se destaca, a argumentação e a escrita são algumas de minhas paixões, mas nesse caminho temos Gerenciamento de Qualidade, História e a Marinha Mercante. Sim, profissões de áreas extremamente próximas.
E se destas nenhuma for a mais plausível? Vou descobrir apenas me arriscando, me libertando dos medos, das amarras do comodismo. Quem sabe um dia, eu diga: Sou feliz, pelas minhas escolhas. E neste dia vou saber que tudo valeu a pena.


“Não se preocupe com o futuro, ou se preocupe, se quiser, sabendo que a preocupação é tão eficaz quanto tentar resolver uma equação de álgebra mascando chiclete.” (Sunscreen - Baz Luhrmann)