Se você me perguntar cada traço que tem nele, todas as linhas e formas, depois de tanto tempo saberei te responder. Se você me pedir para lembrar de alguma coisa dele ou com ele, imediatamente a lembrança de seu cheiro me entorpece e já não posso mais. Tantos “para sempre” pronunciados que foram eternos enquanto valiam a pena, ou não. Talvez estes “para sempre” ainda estejam mais vivos do que nunca. Talvez eu ainda o ame, mas hoje já não o quero mais do mesmo jeito. Talvez para sempre me lembrarei de como tudo aconteceu, e com o tempo, limparei as partes feias, e as moldarei com os mais belos formatos, para que o carinho pelas lembranças seja ainda maior. Dizem que os brinquedos de hoje em dia quebram fácil, e nosso tempo juntos foi assim mesmo.
Mais do que nunca essas lembranças estão sendo reavivadas dentro de mim, um sentimento louco, uma sensação indescritível da qual vem e vai sem nenhuma explicação, porém na hora em que acontece parece tão possível de esquecer. “É como queimar pavio de vela. Minha vela ainda ta acessa. Quero que ela queime toda ou então que eu possa trocá-la. Não agüento mais essa chama se alternando, ora forte, ora quase se apagando”. Andar nas mesmas ruas e nos esbarrarmos por vezes não ajudam em nada.
Muita coisa já aconteceu depois da última vez, muito tempo se passou, sei coisas das quais não sabia, e tenho certeza que ele também. Mas me sinto a mesma menina quando olho nos olhos dele. Preciso fazer uma correção antes de continuar, não é amor, talvez eu ainda sinta o mesmo carinho que sentia.
Embora ainda esteja no auge dos meus dezesseis anos, me sinto mais confortável que muita gente com o dobro da minha idade para falar de sentimentos. Não que eu expresse-os, mas posso garantir que tenho muitos dentro de mim, e conheço a efervescência de cada um como ninguém. Como já diria Fernando Pessoa, “tenho em mim, todos os sentimentos do mundo”.
Sou muito segura para todas as decisões que eu tomo em minha vida, mas por “minha vela ainda estar acessa” quando vou trocá-la me sinto andando em areia movediça, afundando cada vez mais, procurando cada vez mais sentir tudo que já senti de uma vez só. Deve ser por isso que eu fujo tanto dos novos encontros que a vida proporciona, que me esconda atrás de uma armadura de indiferença. Por medo? Talvez. Por medo de que a velha história se repita? Com certeza. Mas um dia, tenho certeza que conseguirei fazer disso, só mais uma coisa que se lembra quando conversa entre amigos, e me sinta livre para me entregar de novo.

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